terça-feira, 31 de julho de 2012

Há cinco anos...

Em 17 de julho de 2007 às 18h50, uma noite de terça-feira, eu estava a caminho de mais uma consulta com a fonoaudióloga. Era noite e caia uma chuva leve, mas constante. O rádio do carro estava sintonizado na CBN, quando uma repórter noticiou que havia chegado a informação à rádio de um incêndio em um prédio da TAM Express no Aeroporto de Congonhas. Outras rádios falavam em incêndio no hangar da TAM. Enfim, muitas informações desencontradas. Somente depois da consulta, por volta das 20h30, é que soube que a realidade era bem pior: um avião, modelo A320 que fazia o vôo 3054 Porto Alegre-São Paulo, ao descer no Aeroporto de Congonhas, não conseguiu freiar e deixou a pista, atravessado a Avenida Washington Luiz pelo ar e se chocando contra um prédio da TAM Express que ficava do outro lado da avenida. 

Quatro dias depois, no dia 21 de julho, um sábado, estive no local. O sentido bairro da Av. Washington Luiz, em frente ao Aeroporto, permanecia interditado pelos bombeiros. Em meio a centenas de jornalistas e curiosos o clima era de tristeza e indignação. Familiares dos passageiros e dos tripulantes do fatídico vôo fizeram uma manifestação no final da tarde daquele dia, pedindo justiça e melhorias nas condições do transporte aéreo brasileiro para que novos acidentes não voltem a acontecer. Em um dos cartazes estava escrito: “Quantos mais terão que morrer para que alguém tome uma atitude? Menos discurso e mais ação!!!” Infelizmente, o discurso sumiu mas a ação também não foi tomada. 

domingo, 15 de julho de 2012

Em Barnabés

Ontem estive no distrito de Barnabés, no município de Juquitiba, no extremo sudoeste da grande São Paulo. A região de Barnabés fica às margens da Rodovia Regis Bittencourt e é justamente o início do trecho que pista simples, que segue até o pé da serra, já no município de Miracatu. Nesse trecho está sendo realizada a primeira fase da duplicação. Do km 337 ao 338 foi tudo duplicado. Do 338 ao 344 as obras de duplicação estão em andamento.

Quando desci do ônibus, fiquei um tempo às margens da rodovia. Nesse período vi vários garotos soltando pipas às margens da rodovia. E o pior: muitas vezes eles atravessavam a rodovia empinando os brinquedos. Aliás, mesmo entre os adultos essa travessia perigosa é algo frequente. A passarela construída fica um pouco distante do principal núcleo povoado e comercial do distrito. Por conta disso, a população continua atravessando de um lado para o outro através da rodovia.

Logo iniciei uma caminhada para observar o que está sendo feito, em termos de obras viárias. Segui andando pelas margens da rodovia até as proximidades do km 339. Nesse trecho, as moradias são construídas no meio do mato, nos morros ao longo da margem da rodovia. Havia crianças nesse trecho também, soltando pipas dos dois lados.

Caminhando pelo acostamento – que, na verdade, era o pé do morro – achei a capa/contracapa de uma cartilha escolar.  Era de um livro de português. Junto a ele haviam outras páginas rasgadas. Do outro lado da rodovia, alguns garotos continuavam soltando suas pipas. Aos gritos, conversavam com os que estavam no morro do lado da rodovia onde eu estava. Logo, um garoto deixou sua pipa com outro, desceu o morro e atravessou a rodovia quando houve o primeiro vazio no tráfego.

Cenas como estas parecem ser uma constante na região. Região pobre, esquecida e onde a educação mais parece ser algo supérfluo do que algo que realmente vá mudar as vidas desses garotos.